segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A tristeza de 4 paredes.



Num dia de chuva, um menino encontra-se sentado, no tapete da sala, a olhar pela janela.
-Quero ir para casa..
-Mas tu estás em casa, estamos todos.
-Uma casa onde todos são ninguém, onde nos colocam para exposição.
-Alguém te virá buscar.
-Escolher-me-ão por ser bonito, inteligente, simpático..
-Não, porque gostarão de ti.
-E porque gostarão de mim? Se assim o fosse, se fosse por amor, optavam pela primeira criança que vissem assim que entrassem pela porta.
-Sim, mas..
-Escolheriam eles o seu próprio filho? E se eu fosse cego? Escolher-me-iam?
-Talvez..
-Mas, e se o seu filho fosse cego, descarta-lo-iam?
-Talvez não..
-Então porque nos escolhem? Porque não dão amor a qualquer um?
-Porque querem alguém com que se identifiquem..
-Mas quando têm filhos, muitos não se identificam com eles no futuro, porém têm-nos.
-Porque nasceram dessa união.
-Eu também nasci de uma união, porque não mereço tal carinho?
-Mereces, apenas não nasceste daquela união..


-Quero ir para casa..
-Mas tu estás em casa.
-O mundo é a minha casa, não estas 4 paredes.
-Não achas que é altura de me abandonares?
-Não, sei qual é a sensação, não o desejo a ninguém.
-Mas talvez esteja no momento de viveres no mundo real.
-Eu vivo, no meu real. É o que me basta para ser feliz.