quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

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Por vezes questiono-me o que será o amor, a felicidade, aquele sentimento que nos aquece por dentro e nos faz sentir bem connosco próprios, com o mundo, com tudo... O que é isso? Será mesmo necessário partilhá-lo para que seja real? Ou é suficiente seguir o que sentimos que temos de seguir? Mas aqui iniciam-se caminhos bastante diferentes, tão próximos, tão facilmente confundíveis, mas ao mesmo tempo tão distantes. O querer, o desejar, o apetecer. 
O acto de 'apetecer' é como a paixão, enérgica, dinâmica, fogosa, calorosa, mas momentânea, efémera, nunca suficiente. O sentimento de nos sentirmos apaixonados é um estado de espírito, assim como o acto de nos apetecer algo. Nesse momento tal situação parece-nos de tal forma tão acertada que a vivemos como se fosse a única. Não há nada de mal em ter tal sentimento, em viver o presente, mas porque vivemos tanto, ou tentamos viver tanto o presente? Porque temos plena consciência que também a nossa vida é efémera! Mas não será isso viver no medo? No medo do término da nossa vida terrestre? Vivemos o presente porque temos medo de não poder vivê-lo no futuro! Somos educados hoje para viver o amanhã, sempre na dúvida se o futuro chegará mas tendo sempre por garantido que este existe mesmo que não chegue. 
Quando estamos apaixonados é isso que acontece, vivemos cada segundo, cada momento e gastamos cada energia com aquela pessoa, com aquele acontecimento, com o que quer que seja. O problema coloca-se quando o fascínio inicial, a curiosidade momentânea termina. Será suficiente satisfazer tal sentimento? A verdade é que não é, porque se o fosse, vivíamos estáticos, sem ambições, porque não nos confundamos, o acto de apetecer é uma ambição, não tão intensa, não tão satisfatória como o acto de querer ou desejar, mas também o é. Tal como a paixão, muitas vezes o apetecer desloca-nos do caminho que queríamos traçar, porque por momentos não sabemos se o conseguiremos fazer e por isso mais vale manter-mo-nos na nossa zona segura e viver esse momento na totalidade. É o que fazemos, tentamos desafiar-nos porque não nos é suficiente viver nessa segurança. Quando fazemos algo que nos apetece. desafiamo-nos. pois saímos do caminho que pertendiamos seguir, mas estagnamos porque o fazemos por medo de não conseguirmos seguir o caminho que queremos traçar. Mas o que fazemos quando satisfazemos esse momento? Encontramos outra ambição para satisfazer! Pois não é possível satisfazer a 100%  o ser humano! Será isso mau, ou bom? É tão mais simples criar um mundo num binómio, não é? Porque há-de existir bom e mau? Porque é mais fácil categorizar as coisas para ser possível compreendê-las, mas a verdade é que nunca as conseguimos compreender na realidade se não as chamarmos pelo seu verdadeiro nome. Verdadeiro nome...se tal verdade existisse, pois bem, existiria também a mentira, outro binómio. O acto de apetecer é momentâneo, mas não é mau, não é bom. Só quem toma a decisão pode avaliá-la, pois nada devia ser errado se nos dá prazer. 
Somos formatados para acreditar que o mundo é preto e branco, que só existe sim ou não, mas a verdade é que muitas vezes a melhor resposta é a indecisão. A incapacidade de decidir, de escolher é parte do ser humano e é muitas vezes essa incapacidade que nos permite decidir. Ninguém gosta de escolher, quando escolhemos vamos de certeza perder algo e o sentimento do desconhecido é o pior para o ser humano, o perder o controlo. É por isso que queremos coisas, porque querer algo é traçar um caminho mental para atingirmos a meta final. Ao traçarmos esse caminho, ao imaginarmos esse percurso estamos a criar uma zona segura e é essa zona que queremos precorrer. Se é a certa ou a errada teremos de descobrir no fim, mas a viagem é que dita a nossa aprendizagem e todas as coisas que se vão erguendo no nosso caminho, tudo o que momentaneamente nos apetece fazer, ter, tudo isso são pedras para construir o nosso castelo. Se é errado nos focarmos apenas no que queremos e abandonarmos os nossos momentâneos desejos, ou correcto ir ao sabor do vento e enriquecer esse caminho com os obstáculos que nele surgem, ninguém o poderá dizer, pois não é algo que se verbalize, é algo que se sente! É como o gostar. Gostar de algo, de alguém, é o passo seguinte ao estado de espírito da paixão. Quando a novidade acaba temos dois caminhos que podemos escolher, substituí-la por uma nova curiosidade ou entrar na aventura de dinamizar o que consideramos que agora estagnou. Podemos simplesmente encontrar outro sentimento que pensemos que nos preencha, mas tal acabará por terminar e a necessidade de o substituir voltará a surgir. Podemos também simplesmente encontrar as curiosidades no que estagnou, dinamizá-lo, prosseguir o caminho com a experiência dos anteriores pequenos mas completos momentos. Será mais correcto optar por um ou por outro? Ou será possível uni-los?
A questão aqui é: porque definimos algo que queremos? Porque prosseguimos um caminho para concretizar algo? Porque na verdade esse é o caminho para alcançar o que desejamos. E o que desejamos nós? Acredito que na essência, todo o ser deseje amor, paz e felicidade. Não há nada superior a isto que motive o ser, e o Homem não é excepção! Podem agora questionar-me, mas de seguida questiono-vos eu: Porque são iniciadas guerras? Podem dar-me inúmeras respostas: dinheiro, interesse, petróleo, água, ganância, poder, entre outros, mas digam-me, o que está por trás de isso tudo? Uma vontade disforme de amar, de manter a paz, a felicidade e a segurança. Porque para muitos, o acto de fazer a guerra é um meio para ganhar poder, poder que permite estatuto e dinheiro, dinheiro que satisfaz necessidades, necessidades intrínsecas ao ser humano, que precisam de ser satisfeitas e que, simultâneamente com o poder e o estatuto, leva a que sejamos respeitados na sociedade, respeito movido pelo medo, medo esse que afasta quem nos quer ferir e que ao mesmo tempo cria uma barreira de segurança à nossa volta, barreira essa que nos permite dispender tempo com mais do que apenas as nossas necessidades básicas de sobrevivência, permitindo-nos ter tempo para querer, desejar, sonhar, evoluir, e para satisfazermos todas essas ambições, ambições que satisfeitas nos irão tornar felizes, felicidade essa que traz amor, amor que é a forma mais pura de estarmos bem connosco e com o mundo, em paz, nem que por momentos seja. Por isso sim, acredito que todos somos movidos por amor! Pode ser disforme, pode ser puro, pode ser preverso ou únicamentente romântico, mas é amor, mal interpretado, mas amor.
Tudo o que fazemos é movido por um desejo mais alto, desejo esse que na sociedade actual é a aprovação, o reconhecimento. Vivemos num mundo em que queremos que seja reconhecido o nosso talento, as nossas ideias e tal só acontece quando estas estão certas e é por isso que somos criados sob o monstro do erro. Errar é mau! Mas a verdade é que é o erro que dinamiza, que motiva, que ensina, que move o mundo. Contudo, somos educados para termos medo de errar, porque ao errarmos não somos reconhecidos. Não falo apenas a nível académico, profissional, mundial! Somos o reflexo de quem nos criou, pais, avós, amigos, irmãos. Todos temos um ídolo e queremos reflecti-lo de forma correcta, melhor ainda, porquê? Porque queremos que sintam orgulho, porque temos uma lacuna tão grande no nosso próprio amor que precisamos que alguém exalte as nossas qualidades para nos convencermos que elas realmente existem e que são maiores do que os nossos defeitos. Deixamos que nos amem porque precisamos que o façam, porque não conseguimos viver única e exclusivamente com o nosso amor! 
Não digo que isso seja mau! É bom amar, é ainda melhor ser amado, contudo é necessário compreendermos todo o nosso interior e conseguirmos conviver com ele, aceitando o que não podemos mudar nesse momento para nos podermos focar no que podemos alterar. Pois não vale a pena gastar energias com algo que de momento não é possível mover, torna-se muito mais produtivo canalizar esforços em algo que sabemos que conseguimos moldar, modificar. É isso que devemos fazer, canalizar energias em nós em primeiro lugar, compreender o nosso ritmo, as nossas motivações, para depois compreendermos o mundo, para podermos partilhar a nossa verdadeira felicidade com alguém, porque, "Happiness is only real when shared". 
Temos de compreender que o mundo tem um ritmo, nós temos outro, é necessário compreendê-lo, agir quando conseguimos, acalmar quando precisamos, partilhar quando temos e partilhar quando procuramos, receber quando necessitamos, dar sempre que pudermos, acompanhar aqueles que caminham ao nosso lado e os que sustentam o palco onde actuamos e não desistir, abrandar, acelerar, viver, mas nunca desistir e investir naquilo, naqueles que achamos que merece investimento.

Fazer o que nos apetece, percorrer o que queremos, atingir o que desejamos!

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Dare to dream

O seu sussurro é um arrepio. Cada suspiro um arrepio. Cada toque um arrepio. Cada olhar arrepia todo o ser no seu interior. Quem olha sente mais do que aquilo que quem vê. Quem sorri retribui o sorriso que não pode retribuir com um beijo. Um cantar, um soar, cada história no seu lugar. Não poderia ser mais que uma história, nunca poderia tornar-se uma vitória. Poderia sim ser um sonho no profundo de uma mente confusa e baralhada. Até ao mais profundo sonho é-lhe permitido que seja sonhado. Durmo para sonhar, porque 'it just might be the only time that I'm with you'. 

(SoL)uar

Inversamente proporcional está o Sol para a Lua. Um aumenta a
intensidade e o oponente atenua-a.
Na hora crepuscular qual será o raio que se irá soltar? Será a Lua? Será o Sol? Qual dos dois irá brilhar?
Infortuno ou não desta vida, é-lhes permitido que se unam por vezes numa pequena saída.
Tanta sorte não têm a espuma do céu e do mar.
Condenados estão a nunca se unirem estando-se porém sempre a tocar.
Às vezes a vontade é muita, a força ainda maior, mas o destino não permite que o sonho mais profundo vingue neste mundo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Mudar o mundo?

No mundo de hoje, capitalista, é raro encontrarmos alguém justo que lute, realmente, pela coesão, equidade e melhoria do nível de vida da população do planeta, sem ter interesses a influenciar as suas atitudes.

Efetivamente, se ouvirmos as noticias que passam todos os dias na televisão, podemos concluir que corrupção, gastos sumptuários, burlas, fome, crise, pobreza, discriminação e violência são aspetos referidos por todos como graves lacunas no sistema mundial que devem e têm de ser combatidas. São feitas promessas, criadas expetativas e estabelecidas metas, no fim, não passam de bonitas palavras para aconchegar o sofrimento do pobre. Exemplo disso são as tão famosas e "sinceras" declarações dos nossos "amigos" governantes que impõem medidas de austeridade contextualizadas às suas realidades de ostentação, desconhecendo completamente a realidade de quem vagueia na rua ou de quem não passa um dia sem a angústia no coração por não poder dar o que quer aos seus filhos. Governantes esses que escolheram ter assento no Parlamento pelo simples facto de este empaturrar muito mais a sua carteira, e não pela vontade de tornar o mundo melhor.

A verdade é que já ninguém se interessa pelo bem comum sem receber nada em troca. Talvez seja pelo facto de a desconfiança ser tanta, assim como a necessidade, ou então é apenas por mau espirito e por ganância. Não vejo outras razões senão estas duas últimas para os mais ricos se aproveitarem dos mais pobres. Sou desprovida desse tipo de "sensibilidade" no que toca a não olhar a meios para atingir os fins. Um bom exemplo disso são os intermediários dos produtos que chegam a ganhar 3 vezes mais do que os próprios produtores, como na produção de cacau para a transformação do mesmo em chocolate para consumo, que no comércio tradicional apenas 15% do preço final reverte para os produtores. Como é que é possível que alguém sobreviva assim? É óbvio que é por esse motivo que muitas crianças não vão à escola, pois os pais não tem capacidade para tal, ficando então condenados a exploração infantil numa tentativa de ajudarem a família em casa.

Concluindo, acho que se torna óbvio a minha posição face a tudo apresentado nos parágrafos anteriores, por isso, apesar de vivermos num mundo corrupto, hipócrita e feio, acredito que a solução para tudo isto deverá partir de cada um de nós, consciencializando-nos de que nem tudo o que ouvimos tem apenas um lado ou uma versão e tomando a iniciativa de, com apenas pequenos gestos, como por exemplo o comércio justo, tornar o mundo mais equilibrado, nem que seja no inicio, apenas para uma criança que irá nascer amanhã.

Definição de comércio justo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Com%C3%A9rcio_justo
Livros sobre o assunto: The travels of my t-shirt book - Pietra Rivoli

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Hoje, sorri.

Hoje, enquanto estava no comboio, sorriram-me. Sorriram-me de tal modo que se tornou impossível não sorrir de volta. Um sorriso simples, honesto, puro, límpido, cristalino. O sorriso de uma criança que ainda vive O mundo. Elas sim são felizes na sua inconsciência e ingenuidade. Elas sim vivem cada momento, cada olhar, cada sorriso, cada toque, cada ação, cada gesto, cada gota de água, cada passarinho. Elas sim sorriem ao mundo que as condena a um futuro inóspito e só. Elas na sua inocência não distinguem pessoas de animais, brancos de pretos, portugueses de russos ou chineses, homossexuais de heterossexuais, dão simplesmente o seu amor a qualquer um, a qualquer um que necessite. Não fazem distinção e amam totalmente.
Nós, pessoas conscientes, formadas, educadas e todas essas palavras bonitas com que nos vangloriamos, vivemos NO mundo, caminhando atrás dos ponteiros do relógio, atrás de cada regra, de cada NÃO, de cada desilusão, de cada preocupação. Contamos os anos, os meses, os dias, as horas, os minutos, os segundos, até ao dia em que contamos o tempo para a nossa morte. Planeamos, tentamos sonhar, sonhos esses que são destruídos assim que saímos à rua, que ligamos a televisão, que vemos a nossa conta bancária. Planeamos, planeamos e planeamos, consumindo a nossa imaginação e tentando ignorar a realidade, vivendo o amanhã, deixando "para mais logo" ou "para daqui a bocado" aquilo que hoje é que importaria.

Que bom era viver o hoje, que saudades de não pensar no amanhã e de desfrutar de cada raio de sol, de cada gota de água. Que bom era viver O mundo como eles vivem e não viver NELE como eles o fazem.
Que infelicidade é ter de ser alguém e não poder descobrir, viajar, sentir o que é ser ninguém. Que sonho imenso é este de querer encontrar a Terra do Nunca onde não há horários ou relógios, preço ou dinheiro, governantes ou leis; onde o espelho é a água dentro de nós, a nossa alma. 
Onde tudo é real no sonho em que vivemos e nada é impossível na vida que queremos.


Hoje alguém me disse que para escrever não precisava de tempo, precisava de mim.
Hoje alguém me beijou e disse que me amava.
Isso bastou-me e hoje aqui estou, a escrever outra vez; sem tempo, mas comigo; sem tempo, mas feliz.

"Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre a mente no momento presente"
Sakyamuni.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A tristeza de 4 paredes.



Num dia de chuva, um menino encontra-se sentado, no tapete da sala, a olhar pela janela.
-Quero ir para casa..
-Mas tu estás em casa, estamos todos.
-Uma casa onde todos são ninguém, onde nos colocam para exposição.
-Alguém te virá buscar.
-Escolher-me-ão por ser bonito, inteligente, simpático..
-Não, porque gostarão de ti.
-E porque gostarão de mim? Se assim o fosse, se fosse por amor, optavam pela primeira criança que vissem assim que entrassem pela porta.
-Sim, mas..
-Escolheriam eles o seu próprio filho? E se eu fosse cego? Escolher-me-iam?
-Talvez..
-Mas, e se o seu filho fosse cego, descarta-lo-iam?
-Talvez não..
-Então porque nos escolhem? Porque não dão amor a qualquer um?
-Porque querem alguém com que se identifiquem..
-Mas quando têm filhos, muitos não se identificam com eles no futuro, porém têm-nos.
-Porque nasceram dessa união.
-Eu também nasci de uma união, porque não mereço tal carinho?
-Mereces, apenas não nasceste daquela união..


-Quero ir para casa..
-Mas tu estás em casa.
-O mundo é a minha casa, não estas 4 paredes.
-Não achas que é altura de me abandonares?
-Não, sei qual é a sensação, não o desejo a ninguém.
-Mas talvez esteja no momento de viveres no mundo real.
-Eu vivo, no meu real. É o que me basta para ser feliz.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Por nada feito me arrependo!

É perfeitamente normal nos sentirmos arrependidos ou envergonhados por algo que fazemos, que dizemos ou por alguma decisão que tomamos e que, por alguma razão, se tornou errada. Mais normal será nos martirizarmos e nos auto-condenarmos por um erro que cometemos. Mas e quando não o cometemos? O que fazemos quando não sabemos o que poderia ter acontecido? Arrependemo-nos de um erro que não cometemos e que poderia ter corrido bem, e, martirizamo-nos por não termos tentado. Consumimo-nos de tal modo que a curiosidade se apodera de nós: "E se eu tivesse tentado? O que teria acontecido? Teria resultado? Ou não teria?". Arrependemo-nos então por não termos sequer tentados. Jogamos pelo seguro e não arriscamos.
A verdade é que tomamos uma opção e por esse motivo perdemos algo...pois perdemos sempre algo a partir do momento que escolhemos 'este' o invés 'daquele'. Não podemos ter tudo, não é verdade? E se aquilo que poderíamos ter fosse melhor do que o que decidimos ter? É verdade, muitos 'ses'.
A vida é feita de 'ses' e não há volta a dar. Às vezes, até não nos arrependemos de termos decidido ter o que temos, porém, arrependemo-nos de não termos tentado ter o que poderíamos ter.
Se da Igreja fosse fã, diria: "Por nada feito me arrependo".