terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Hoje, sorri.

Hoje, enquanto estava no comboio, sorriram-me. Sorriram-me de tal modo que se tornou impossível não sorrir de volta. Um sorriso simples, honesto, puro, límpido, cristalino. O sorriso de uma criança que ainda vive O mundo. Elas sim são felizes na sua inconsciência e ingenuidade. Elas sim vivem cada momento, cada olhar, cada sorriso, cada toque, cada ação, cada gesto, cada gota de água, cada passarinho. Elas sim sorriem ao mundo que as condena a um futuro inóspito e só. Elas na sua inocência não distinguem pessoas de animais, brancos de pretos, portugueses de russos ou chineses, homossexuais de heterossexuais, dão simplesmente o seu amor a qualquer um, a qualquer um que necessite. Não fazem distinção e amam totalmente.
Nós, pessoas conscientes, formadas, educadas e todas essas palavras bonitas com que nos vangloriamos, vivemos NO mundo, caminhando atrás dos ponteiros do relógio, atrás de cada regra, de cada NÃO, de cada desilusão, de cada preocupação. Contamos os anos, os meses, os dias, as horas, os minutos, os segundos, até ao dia em que contamos o tempo para a nossa morte. Planeamos, tentamos sonhar, sonhos esses que são destruídos assim que saímos à rua, que ligamos a televisão, que vemos a nossa conta bancária. Planeamos, planeamos e planeamos, consumindo a nossa imaginação e tentando ignorar a realidade, vivendo o amanhã, deixando "para mais logo" ou "para daqui a bocado" aquilo que hoje é que importaria.

Que bom era viver o hoje, que saudades de não pensar no amanhã e de desfrutar de cada raio de sol, de cada gota de água. Que bom era viver O mundo como eles vivem e não viver NELE como eles o fazem.
Que infelicidade é ter de ser alguém e não poder descobrir, viajar, sentir o que é ser ninguém. Que sonho imenso é este de querer encontrar a Terra do Nunca onde não há horários ou relógios, preço ou dinheiro, governantes ou leis; onde o espelho é a água dentro de nós, a nossa alma. 
Onde tudo é real no sonho em que vivemos e nada é impossível na vida que queremos.


Hoje alguém me disse que para escrever não precisava de tempo, precisava de mim.
Hoje alguém me beijou e disse que me amava.
Isso bastou-me e hoje aqui estou, a escrever outra vez; sem tempo, mas comigo; sem tempo, mas feliz.

"Não viva no passado, não sonhe com o futuro, concentre a mente no momento presente"
Sakyamuni.

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