quinta-feira, 23 de junho de 2011

Sempre, sempre? Sim, sempre!

O dia resplandecia alegria e em todos os raios de luz que iluminava a sua cara, Diana sentia uma réstia de esperança a emanar-lhe a alma. Era segunda-feira e, como primeiro dia de semana, apenas esperava que a ultima aula de filosofia chegasse e anunciasse o fim do dia, para poder ir assim para casa descansar.  

Pronta para ir para casa, levou antes a sua melhor amiga Carol e a sua amiga Anita à paragem de autocarro e à estação.

Diana sentia-se agora intrigada. Na noite passada, Carol tinha-lhe mandado uma mensagem a dizer que precisava de falar com ela cara-a-cara. Parecia importante, e com todos aqueles 'por favor, não te esqueças que te amo', 'és a minha melhor amiga', 'nunca te deixarei', Diana desconfiava que algo não estava bem. De alguma forma aquilo parecia uma despedida, mas tentava que esses pensamentos não vagueassem pela sua cabeça, não conseguia pensar em tal coisa.

Mas no momento em que, já depois de ter apanhado o autocarro, Carol saiu e veio ter com Diana, é que ela percebeu que algo de grave se passava. Carol agarrou-se a Diana como nunca, abraçou-a e começou a chorar. Chorava no seu ombro compulsivamente enquanto tentava falar sem êxito. Diana apenas permanecia quieta a  abraça-la, sem saber o que fazer, sem qualquer reacção, dizendo apenas 'tem calma, vai tudo correr bem'.

Passaram minutos e Carol parou de chorar, sentaram-se num banco e Carol pediu desculpa a Diana...só pedia desculpas, e enquanto o fazia, lágrimas e lágrimas escorriam-lhe pela face.

'Vou para Itália'

As palavras que saíram da boca de Carol, embateram em Diana, de tal forma, que por momentos esta parou de respirar...naquele momento o mundo parou, parou por completo. Diana sentia-se sozinha no mundo, sentia que estava a ser abandonada, que estava a ser deixada para trás. Mil e uma reacções passaram-lhe pela cabeça, desde sair dali a correr, a chorar e a abraçar a sua melhor amiga; mil e um sentimentos passaram-lhe pelo coração, desde tristeza e abandono, a gratidão e felicidade por Carol estar com ela naquele momento e não com outra pessoa; mas apenas uma expressão se mantinha na sua cara: a de um pleno choque.

Enquanto via Carol a chorar e ouvia o que se havia passado para os pais terem tomado essa decisão, Diana pensava na sua vida.

Em tão pouco tempo aquela rapariga tinha-se tornado tão importante para ela, em tão poucos meses o carinho, as palavras, os momentos, os olhares, as expressões, os sentimentos, os gestos e tudo o resto que por elas havia sido partilhado era maior do que tudo o resto que tinha tido com qualquer outro dos seus amigos de longa data. Diana sentia-se perdida, completamente perdida, assustada, sozinha, triste, desesperada...não sabia o que fazer...o que iria fazer sem a sua melhor amiga? Agora que tinha encontrado alguém tão especial não podia deixá-la ir! Não era justo, nada daquilo era justo, porque haveria de estar a acontecer aquilo? E foi então que o seu pensamento foi interrompido por algumas palavras: 'Daqui a 2 meses', 'durante 5 anos'. Foi aí que Diana sentiu o mundo a desabar em cima dela, sim, não desabava sob ela, desabava sobre ela!

Em apenas alguns segundos saiu do seu estado de choque: queria chorar, queria fugir, queria gritar, queria nunca ter de passar por aquilo, mas havia uma coisa que ela não queria...separar-se de Carol.

Abraçou-a, deixou-a chorar no seu ombro, garantiu que nunca a deixaria, chorou com ela, chorou, chorou e chorou, morreu por dentro com aquelas palavras que chegavam a ela como que um embate de um camião, renasceu com os seus abraços, deu-lhe beijinhos, afagou-lhe o cabelo, limpou-lhe as lágrimas, sorriu-lhe, contou-lhe piadas, com o objectivo de a fazer rir, sonhou com ela, viveu com ela em apenas algumas horas. Aquilo tinha sido mais do que alguma vez tinha tido. Agora percebera o que era realmente a amizade, agora compreendia o que era amor, amor de amigo...amor, aquela palavra 'que tanta gente dá em troca de quase nada', porque esse quase nada era o tudo na sua vida, o tudo que a fazia sorrir e querer viver, o tudo que a fazia chorar.

Naquelas horas trocaram-se lágrima, sorrisos, gestos, olhares, promessas e no fim Diana desenhou um X em cima do coração de Carol.

-Porquê um X? - perguntou Carol.

-Porque um X significa o fecho de algo, e neste caso, é o fecho da nossa amizade, que garante que ela fique guardada, aqui. - disse apontando para o coração. - O que quer dizer que nunca te deixarei, estarei sempre contigo e a nossa amizade prevalecerá para sempre e continuará a crescer.

Diana sorriu enquanto as lágrimas lhe escorriam pelo rosto.

-Amo-te tanto Diana. Sempre, sempre? - disse Carol abraçando-a como nunca.

-Também te amo tanto Carol. Sim, sempre!


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